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Terça-feira, 03.03.15

Minha dona, meu amor (original)

Não dona, desculpe mas quem vai falar de mim, sou eu, o próprio e vou contar as nossas histórias.

Chamo-me Cascais, porque a dona me encontrou precisamente numa praia muito perto, o Tamariz no Estoril e, como dos dois nomes, Cascais era o mais sonante, assim me batizaram.

Tenho certa experiência, pois pelas minhas contas neste momento devo ter os meus 12, 13 anos, um cão de meia idade portanto, não é assim que dizem quando se trata de humanos?

Quando a dona me encontrou, lembro-me bem, era Verão e eu tinha aproximadamente 6 meses, assim o afirmou o veterinário que me tratou duma gastrite. Deveria ter sido a causa do meu antigo dono me ter dispensado.

Os homens são mesmo cruéis, os da minha espécie estamos constantemente a dar-lhes lições de vida. Como o Mundo seria perfeito se os seres de 4 patas o governassem, pelo menos lealdade, amizade sincera, inteligência, espírito de sacrifício e humildade não faltariam.

Quando vi aquela senhora a aproximar-se com um rapaz ao lado, o seu filho mais novo, vim a sabê-lo instantes depois, e me fez mimos na cabeça, percebi de imediato que tinha acabado de encontrar uma pessoa que gostava de animais, uma grande amiga talvez, quem sabe uma futura dona?…

Tentamos esquecer as más experiências vividas, por isso mesmo não sei ainda hoje, se me perdi dos antigos donos, pois devo confessar ser um tanto irrequieto e teimoso, ou ter sido abandonado por me encontrar doente.

Agora é moda abandonar os animais no Verão será por haver pouco dinheiro ou porque a Humanidade está cada vez mais egoísta? compram-nos ou adoptam-nos quando parecemos brinquedos de peluche e divertimos a família com as nossas brincadeiras e, ao primeiro indício de doença ou velhice, somos pura e simplesmente deixados ao abandono. Foi o que me aconteceu quando me deixaram na Praia do Tamariz e andei por ali meio perdido a beber alguma água, uf! tão salgada, no mar e esperando que alguma coisa de comer caísse das mesas de tantas esplanadas que por ali abundam.

Uns dias corriam melhores que outros, em alguns ficava só com uns miminhos e muitas palavras ternas sobretudo de crianças, de quem sou grande amigo:

- Oh! mamã, olha que cãozinho tão lindo, vamos levá-lo? Os Pais sorriam para os filhotes, seguiam o seu caminho e lá ficava eu de orelha caída e olhos tristes à espera de um novo dia.

Depois dos mimos a dona seguiu o seu caminho mas eu fiquei de olho e, mal regressou à esplanada donde tinha saído momentos antes, saltei-lhe para o colo.

Foi amor à primeira vista, meu e dela. Nunca mais me largou. No final daquela manhã de praia fui para casa de uma tia da dona, uma velhinha muito querida e simpática que me recebeu com todo o carinho e desvelo, e imediatamente se rendeu aos meus encantos. Ainda hoje sinto o sabor e o cheirinho de um arroz de galinha que me fez, que delícia!

Ainda não o revelei, mas apesar de rafeiro sou muito bonito, tenho uma cor não muito vulgar – castanho escuro com as pontas das patas brancas, a que a minha dona chama de meias, e no peito uma mancha branca, olhos igualmente castanhos, de uma ternura sem limite, diz a minha doninha, está sempre a dizer que tenho os olhos mais doces do mundo, coisas de dona!! Mas o que é certo é que tenho o meu charme e estou sempre a pô-lo à prova.

Ah, esqueci-me de dizer que devo ter tido algum parente mais afastado, quem sabe um bisavô ou outro, Rotweiller, pois tenho por baixo do rabo um quadrilátero tão característico da raça e as bolinhas em cima dos olhos.

Quem sabe algum mau passo da minha Mãe ou Pai????

Passado pouco tempo de me ter instalado em casa, fui ao quarto da tia e peguei num boneco de peluche que ela tinha em cima da cama, rico companheiro de brincadeira, pensei; de imediato me arrependi pois pensei que ela iria zangar-se comigo, mas não, achou imensa graça.

Uma ou outra vez lá deixava escapar um chichizito, como estava doente não conseguia controlar tão bem a bexiga; tinha imensa sorte pois nestas circunstâncias nunca ouvia um ralhete; tanto os donos como a tia simpática compreendiam a situação.

Nessa mesma tarde e porque estava muito doente, mal comia e tinha muitas dores de barriga e esta fazia imensos barulhos esquisitos, os donos levaram-me a um veterinário muito simpático que me encheu de mimos e, sem sequer conhecer a dona imediatamente se disponibilizou para me atender e todos os dias a partir daquela tarde me tratar com injeções e soro. Antes de irmos para a praia passávamos pelo “Sr. Dr. Amigo”. Era sempre o 1º doente a ser atendido, pois como estava de férias tinha de ter mais tempo disponível para aproveitar.

Fiquei muito conhecido em Cascais, achavam muita graça eu ter o mesmo nome da terra, a doninha explicava o motivo e eu era uma espécie de talismã naquelas redondezas, mal os donos entravam nos cafés próximos do veterinário, diziam logo:

- Olha aí vem o Cascais!!! Como isso me fazia bem ao ego, finalmente tinha encontrado a felicidade e sentia-me amado por todos.

Depois dos meus tratamentos diários lá seguíamos para a nossa praia onde permanecíamos até à hora do almoço.

A tia vivia só depois de ter ficado viúva e os donos todos os anos iam passar férias a sua casa. Durante uns quinze dias descansavam nas praias fantásticas daquela zona tão bela, a tão conhecida Linha.

Os donos adoravam aquele ambiente tão especial e depois das manhãs na praia e dos passeios à tarde, quase sempre à noite passavam pelo Casino para ouvir música e beber um café.

Era então a hora de ficar com a tia simpática sempre que ela optava por ficar em casa e, como amor com amor se paga, lá ficava deitado aos seus pés a fazer-lhe companhia. Entendíamo-nos bem e eu, com a minha linguagem de cão, ia expressando a grande amizade que lhe tinha.

Findos os almoços, depois do dono mais velho fazer uma soneca e eu o acompanhar quase sempre, a dona ajudar na lida da casa, íamos tomar um café os quatro: eu, a dona, o marido e o filho mais novo da dona. O mais velho por motivos profissionais não nos acompanhava.

Ambos são meus amigos de verdade e grandes companheiros de farra.

Escolhiam quase sempre uma esplanada onde houvesse lugar e espaço para as minhas brincadeiras, gostava muito de encontrar os meus amigos e com eles comunicar.

Sou muito barulhento, ao ver um amigo aproximar-se faço logo questão de ir cumprimentá-lo, trocar com ele umas ladradelas, o que deixa a dona muito aborrecida; diz que não me porto como um cão de juízo.

Mas o que é isso de ter juízo? Então não se pode dar largas à alegria…?

Uma noite fomos esperar à Estação de Santa Apolónia o outro filho da minha dona e depois lembro-me de me terem levado à Feira Popular. Aí é que me diverti, tantos amigos a passearem por aquelas bandas, alguns vadios, outros como eu juntamente com os donos, foi de perder a cabeça nem sabia muito bem para onde olhar.

Vi tudo muito bem, os humanos a rirem alto em grupos, a divertirem-se nas mais variadas atracções da feira, a petiscarem nas barraquinhas da praxe, aquele cheirinho no ar de coisas boas e eu admirado com tudo o que se passava à volta…. Ai se eu pudesse, pensava eu, roubar uma sardinhita aqui, um entrecosto acolá mas logo, logo, voltava à realidade; tinha os doninhos a fardarem-me.

Estou com a dona há mais ou menos 10 anos tempo suficiente para nos conhecermos muito bem e nos compreendermos ainda melhor.

Sei perfeitamente se está triste ou alegre ou se está preocupada com alguma coisa, ela está permanentemente a conversar comigo e, quando essa conversa tarda, faço questão de lhe lembrar a minha presença com uma patinha estendida em sua direcção ou com a minha “fala” – au, au, estou aqui!

Nesse momento ela responde:

- Desculpa meu amor a dona estava a pensar na vida, e eu fico logo feliz com a atenção dispensada.

Talvez por ter sido abandonado, assim o penso, sou bastante carente e adoro que os donos me dêem atenção, quero sentir-me amado e mimado; mas afinal não é o que todos os seres vivos querem?

Não tenho razão de queixa pois de muito pequenino e mesmo tendo roído mobília e feito algumas asneiras, o que eu gostava de ratar o saco do lixo que por vezes ficava esquecido ainda com restos de comida que eu adoro, como é o caso do frango, a dona sempre me compreendeu e nunca exagerou nas repreensões; aliás eu sabia que as fazia e quando a dona chegava a casa nem sequer aparecia para a receber com o rabito a dar numa velocidade louca, como é hábito fazer mas, pelo contrário, ficava no sítio onde estava e punha o ar mais angelical e ao mesmo tempo mais atrevido que encontrava, sempre com a certeza que, apesar de tudo, a dona não resistiria aos meus encantos por muito tempo.

Assim era de facto, depois da primeira reação ser:

- Quem foi o atrevido que fez tanta asneira? a dona já vai ajustar contas… mas de seguida e ao ver o meu olhar tão doce logo logo me fazia uma festinha. Que bom! Afinal a dona é mesmo minha amiga de verdade, que sorte eu tive por tê-la encontrado aquele Verão.

Quando estou deitado a usufruir do sol que entra pela varanda dentro da casa dos meus donos vou pensando na minha vida, da idade que vai avançando, da falta de visão que já tenho, da tranquilidade que gosto de ter, das sonecas boas que faço diariamente na cama, da falta de ouvido, de tal maneira que muitas das vezes, já não dou conta da dona meter a chave na porta. Ai como é triste a passagem dos anos, os humanos dizem o mesmo, já os ouvi. Dantes, mal a dona chegava a casa, mesmo à porta da rua eu já estava aos saltos e a encaminhar-me para a porta, mal a via não parava de saltar e de a cumprimentar, todo feliz pelo reencontro, como aqueles horas pareciam não ter fim, agora quando me apercebo da sua chegada ela já está ao pé de mim, entretanto o sono é mais forte do que eu e tenho adormecido, vida de cão com idade é mesmo assim: comer e dormir, mas de novo começa tudo… as nossas conversas os miminhos enfim, já não a largo mais. Quando vai para a cozinha fazer o jantar lá fico eu sentado à porta a observar todos os gestos que faz, sei que está a preparar coisas boas, pelo menos o cheiro fá-lo prever.

Mal o jantar é posto na mesa, assumo o meu lugar junto da dona a ver se algum petisco vem parar cá para o meu lado e como sou guloso! Então quando a dona traz frango, mal o saco do supermercado entra em casa, já estou de nariz no ar ansioso para comer aqueles ossos tão saborosos, depois de terem sido cuidadosamente analisados para que não me prejudiquem ou me causem problemas graves. Sei de alguns amigos que já tiveram perfurações de intestino por comerem todo o tipo de ossos, mas como a minha dona é uma querida está sempre a zelar pela minha saúde e bem-estar, escolhe-os um a um.

Já quase não tenho memória dos meus antigos donos, já passaram tantos anos mas devo ter tido alguma criança que fosse minha companheira de brincadeiras pois quando vejo alguma sinto uma enorme ternura e simpatia.

Tal é a afinidade que se gera entre mim e as crianças que, segundo dizem, são as coisas mais belas da vida, para além dos animais evidente! que vou narrar-vos uma pequena situação vivida por mim aquando das minhas estadas no Estoril, porque depois de ter sido encontrado lá, continuei a ir passar férias, encontrei-me na praia do Tamariz, um Sábado à noite a assistir a um fogo de artificio que costumava acontecer todas as semanas no Verão. A multidão no paredão era grande e o barulho dos foguetes ensurdecedor, a princípio assustei-me de cada vez que eles subiam ao ar, mas depois fui habituando os ouvidos a tais estrondos. De repente, cruzei-me com uma menina linda, que ainda mal andava, com aquele andar escangalhado de criança, mal me viu queria vir fazer-me festas mas, ao mesmo tempo, retraía-se e fechava os olhos, se pudesse falar ter-lhe-ia dito:

- Podes ficar tranquila eu adoro crianças

mas como não falo, limitei-me a expressar-me da única forma que sei e posso e, dando ao rabo com toda a veemência, ao mesmo tempo que me chegava sempre mais a ela, fui-a cativando acabando por trocarmos miminhos recíprocos. Foi uma cena linda que deixou os donos embevecidos com a ternura de dois seres de tenra idade.

Tenho a certeza que dava um bom pai e teria muito orgulho nos filhotes mas nem sequer uma namorada tive, nunca houve essa oportunidade, quando era jovem e passeava com os donos num jardim próximo de casa e via uma “menina”, de imediato me insinuava, perdia a cabeça com cadelinhas bonitas que por ali abundavam. Quanto aos cães também fazia amigos com muita facilidade.

Não me quero gabar mas acho que, apesar de rafeiro, sou um bonito exemplar, tenho ainda hoje um pelo muito sedoso, bem tratado a que a dona presta a melhor das atenções.

No meu percurso de vida um dos atributos que tive quando jovem, foi ter sido “guarda-nocturno” da casa antiga que os donos habitavam antes de mudarmos para um andar onde estamos neste momento. Quando viemos para esta casa estranhei um tanto a mudança mas nada que não ultrapassasse. Tinha menos espaço para as minhas andanças, só isso! É verdade, a casa atiga tinha 3 andares e eu à noite percorria-os sempre que algum barulho acontecia ou simplesmente havia jovens que se reuniam em frente à casa nas noites quentes a conversar, não gostava mesmo nada que perturbassem o sono dos donos e o meu próprio descanso. Ao mesmo pequeno sinal, lá estava eu de orelha levantada, olhar atento e ladrar na ponta da língua.

Andava escada acima, escada abaixo a ladrar desesperadamente até que o barulho se desvanecesse; houve até um dia em que tentaram assaltar a casa da minha dona e eu impedi que o assalto acontecesse; era uma noite chuvosa de Inverno e por volta da meia-noite, mais coisa menos coisa, ouvi um barulho enorme vindo da porta da rua, entrei em histeria e entrava e saía do quarto da dona como que a avisá-la de que algo estranho estava a acontecer ao mesmo tempo que, do cimo da escada, os meus olhos e o meu faro não se desviavam do fundo da escadaria – era de lá que vinha a agitação.

A dona começou a estranhar a minha atitude e o ladrar incessante e levantou-se indo espreitar à janela para ver se descobria alguma coisa; foi então que viu um homem a correr vindo da nossa porta em direcção ao passeio em frente.

Ufa! tinha livrado a dona de apuros. Soube-se na manhã seguinte que alguém tinha forçado a porta ao lado, que também é pertença da dona, e tentava entrar para o nosso portal pela porta que contém os contadores da água.

Sou um cão importante, prestei um serviço relevante que a dona me tem agradecido ao longo dos anos; Esta tendência de Sherlock Holmes canino deve-se ao facto de ser um cão de caça – coelheiro – o que eu adoro espreitar e meter o nariz dentro de qualquer buraco que encontre no caminho.

Foi naquela casa antiga da dona que conheci uma amiga, companheira de brincadeiras, a Pantufa, que já lá habitava quando cheguei.

A princípio houve uma certa cerimónia e distanciamento da parte dela que, como boa felina que era, fazia jus à raça e me ignorou nos primeiros dias; somente quando eu dormia ela sorrateira vinha cheirar-me, mas em pouco tempo, ficamos amigos de verdade.

Penso muitas vezes como seria feliz se pudesse ter tido oportunidade de caçar, atendendo aos meus dotes, a vida ao ar livre ser-me-ia muito agradável em conjunto com outros animais, quem sabe numa quinta onde pudesse dar asas à minha necessidade de investigar cada canto e esquina, e onde à mistura houvesse risos de crianças, eternos companheiros dos cães, e outros amigos de 4 patas.

Mas fiquei sempre por ambientes mais recatados e familiares onde a excitação de uma vida ao ar livre, despreocupada, deu lugar a uma mais tranquila e cheia de miminhos. Todos me adoram! E então a dona nem se fala, sabem como me trata? por principezinho, amor de dona, etc, todos aqueles adjectivos um tanto ridículos, os homens assim dizem, um tal Pessoa assim o afirmou, mas que fazem muito bem ao nosso ego e nos fazem sentir amados. Não penso nada assim, acho todas as palavras carinhosas lindas e como as pessoas que mas dizem falam com o coração, só podem ser as mais belas.

A idade começa a pesar-me e prefiro estar descansado na cama da dona a maior parte do tempo; antigamente aproveitava todos os momentos para apanhar uns banhos de sol na varanda da sala de estar, como se estava bem, ao lado há um parque muito grande com relva muito verdinha onde os meus amigos costumam passear, depois também gostava de cuscar um tanto a vizinhança, já sabia os hábitos de quase todos os vizinhos mais chegados. Sabia, por exemplo, que o meu amigo Guga, um Labrador preto muito bonito e simpático saía logo de manhã com a dona mais velha e ao fim do dia era a filha uma rapariga giraça que o passeava, cheguei até a pensar que ela seria uma boa namorada para um dos meus donos mais novos, devem ter a mesma idade e ficava tudo em família.

Mal ouvia um ladrar, mesmo que distante, lá estava logo a dirigir-me para a dita varanda e quando ela se encontrava fechada não parava de "melgar" os donos para que a abrissem rápido a fim de me inteirar do que estava a passar-se.

Tudo servia para aguçar a minha curiosidade de cão de companhia raramente exposto aos mexericos locais.

Os humanos é que adoram este tipo de coisas, já me apercebi. Sempre que surge algum pretexto lá estão eles a discutir o último namorado da vizinha, o novo penteado da do 4º Dtº, a última aquisição automóvel do vizinho em frente; sim, enquanto faço as minhas sonecas tenho sempre uma orelhita levantada para o que der e vier, ou seja, para ficar ao corrente das vidas que passam por cima do meu focinho.

Engraçado, estou a envelhecer juntamente com a dona, as mazelas começam a ser as mesmas: falta de paciência, os sentidos a começarem a falhar, ambos estamos com cataratas; fico já tão confuso quando a dona me dirige a palavra e eu, sem saber muito bem donde vem o som, levanto a cabeça e olho e olho em direcção à porta – a velhice é triste sobretudo porque começamos a perceber que estamos a perder qualidades.

Relembro com saudade o meu tempo de jovem em que só pensava nas malandrices que se traduziam em roer quase tudo o que me aparecia pela frente, até puxadores de móveis estraguei e um ou outro boneco que por lá aparecia em cima dos móveis.

Tive sempre imensa sorte no que respeita a castigos pois a minha dona sempre compreendeu bem estas leviandades próprias da minha tenra idade e o mais que me podia acontecer era ser repreendido num tom mais alto do que estava habituado.

Nesta fase da minha vida passo em revista retalhos da mesma em companhia da dona e verifico que tive muita sorte em tê-la encontrado naquele Verão, foi a pessoa perfeita e certa que apareceu no meu caminho e sempre me deu todo o amor e carinho que qualquer ser humano deseja e precisa; eu não sou excepção, adoro-a! e acho que a recompenso com a minha ternura.

Provavelmente, se continuasse a passear-me pela praia, a vagabundar, hoje seria mais um ser votado ao abandono e aos maus tratos que muitos “humanos” nos dão.

 

 

 

PRÓLOGO


Castanho, pelo sedoso
Ali naquela praia
Surgi do nada…
Cão triste,
Abandonado,
Inteligente
Soube logo, naquele instante, ter encontrado um dono!

 

És o melhor amigo de todas as horas,
companheiro de toda uma vida
E um dia …
Sei que vou perder-te,
e nesse dia…
Irei ficar perdida, sem NADA! Vazia!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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