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Todos os dias, quando exercia a minha profissão, apanhava o mesmo autocarro onde viajava sempre um pai e uma filha adolescente; saiam numa paragem perto de uma escola secundária donde concluí que a levava todas as manhãs ao seu destino.
Por vezes, alguns colegas juntavam-se a eles e a cena repetia-se. Nessas alturas e na presença dos amigos havia um sorriso tímido que lhe iluminava o olhar mas era sol de pouca dura.
Que motivaria a presença diária do presumível pai? uma adolescente já tem autonomia necessária para se deslocar só e depois, a menina em questão parecia tão responsável.
Como gostaria de poder decifrar aquele enigma, se ao menos a encontrasse, pelo menos uma vez, sozinha poderíamos encetar um diálogo mesmo que breve e a tão esperada resposta poderia acontecer.
Mas não,, comecei então a pensar como gostaria de ser alguém da família, que a pudesse ajudar a libertar-se e ter uma vida mais adequada à idade; teria permissão para ir ao cinema, lanchar com as amigas ou mais simplesmente visitá-las e ser visitada?
Ainda hoje, volvidos tantos anos, me lembro da menina de olhar triste, que será feito da sua vida, ter-se-á libertado daquela "prisão" sem grades?
Há prisões que nos deixam marcas para a vida, por muito bem intencionados que os "carcereiros" sejam. Sê feliz, menina linda, que tanto tempo viajamos juntas.
Dorian Gray é um jovem invulgarmente belo por quem Basil Hallward, um pintor londrino, fica fascinado. Determinado a eternizar a beleza de Dorian numa tela, Basil convence-o a posar para ele. Numa dessas sessões, o jovem conhece Lorde Henry Wotton, um aristocrata cínico e hedonista, que o desperta para a beleza e o seduz para a sua visão do mundo, onde as únicas coisas que valem a pena perseguir são a beleza e o prazer. Horrorizado com o destino inevitável que o fará envelhecer e perder a sua beleza, Dorian comenta com os amigos que está disposto a tudo, até mesmo a vender a alma, para permanecer eternamente jovem e manter a sua beleza.
Fortalecido pelo hedonismo, Dorian trata cruelmente a sua noiva, Sybil Vane, que se suicida com o desgosto. Ao saber do sucedido, o jovem começa a notar certas mudanças subtis na sua expressão no quadro, e constata que é o Dorian do quadro que envelhece e que sofre com a passagem dos anos, ao mesmo tempo que o Dorian real permanece com a juventude e beleza intacta. Um romance gótico de horror com um forte tema faustiano, O Retrato de Dorian Gray é considerado pela crítica como a melhor obra de Oscar Wilde.
GB 1949, preto e branco, 104 min.
Holly Martins (Joseph Cotten), velho escritor de romances de "cowboys", viaja para a Viena do pós-guerra a convite do seu ex-colega da escola Harry Lime (Orson Welles), que lhe prometeu trabalho. Mas quando lá chega, descobre que Lime morreu num estranho acidente de viação. Martins resolve então desvendar o que realmente aconteceu ao seu amigo. Com argumento de Graham Greene, foi nomeado para três Óscares, entre os quais o de melhor realizador (Carol Reed), e ganhou o de melhor fotografia.