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Moro num local aprazível e sossegado não muito longe do centro da cidade, rodeada de casas e jardins circundantes, bem tratados e limpos onde todos os dias passeiam simpáticos patudinhos com os donos, alguns são já meus conhecidos dos seus passeios matinais diários.
Mas é no final da tarde, enquanto preparo o jantar, que gosto de olhar pela janela e ver as luzes que se vão acendendo aqui e ali, como pirilampos, nas casas vizinhas conforme os moradores vão chegando a casa.
É então que começo a imaginar histórias de vida que poderão estar por detrás dessas janelas: casais felizes que vivem em paz, amor e harmonia, crianças  saltitantes que são a alegria da família, outras nem tanto pois viverão entregues a si próprias porque os pais, por motivos profissionais ou outros, estarão ausentes; os velhos que vivem sós sem o abraço e o colo dos familiares chegados; mulheres e homens  a sofrer de violência, infelizmente tão presente hoje em dia; animais mal cuidados e não respeitados como todos devem ser.
Não, não sou uma velhota cuca que gosta de "controlar" a vizinhança, apenas refiro apontamentos do meu quotidiano.