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Quinta-feira, 23.02.17

Anos 40 e 60

Nasci nos anos 40, apanhei portanto duas décadas consideradas de ouro, em que tudo era glamoroso, embora tudo que era tecnologia nos fosse vedado. Tudo que era novidade chegava via EUA, e Europa, alguns países apenas. Se queríamos uma novidade musical ou literária, uma tecnologia nova, era por intermédio de alguém que as fizesse chegar do estrangeiro.

Paris era, sem dúvida alguma, o palco onde tudo se desenrolava. Yves Montand, que tão bem cantou o amor, estreia-se em Paris. Grandes costureiros apresentavam os seus modelos que deliciavam as mulheres quando as observavam em revistas de moda, lembro o Jours de France, Elle, Paris Match.

Na política, Charles de Gaulle é nomeado comandante chefe das forças da França libertada.

Jean-Paul Sartre estreia em Paris, a peça Entre Quatro Paredes com grande êxito.

No dia 6 de junho de 1944 (chamado de Dia D), cerca de 155 mil soldados, com o apoio de 600 navios e milhares de aviões, desembarcaram na costa da Normandia, abrindo uma nova frente de guerra no oeste.

É eleito, pela quarta vez consecutiva, Franklin Roosevelt, como presidente dos Estados Unidos.

Os anos 60 foram vividos em minha plena juventude, que foi muito feliz, e dela guardo muito boas memórias.
A década de 1960 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50. Os anos 50 foram marcados por uma crise no moralismo rígido da sociedade, expressão remanescente do Sonho Americano que não conseguia mais empolgar a juventude. A segunda metade dos anos 50 já prenunciava os anos 60; a literatura beat de Jack Kerouac, o rock de garagem à margem dos grandes astros do rock e os movimentos de cinema e de teatro de vanguarda.
Na primeira etapa da década de 60, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968,  revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles, banda que existiu durante toda a década de 60, tenha trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentricidade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. "I want to hold your hand" é o espírito da primeira metade dos anos 60. "A day in the life", o espírito da segunda metade.
Nesta época teve início uma grande revolução comportamental como o surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais. O Papa João XXIII abre o Concílio Vaticano II e revoluciona a Igreja Católica. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, com seus protestos contrários à Guerra Fria e à Guerra do Vietnam e o racionalismo. Esse movimento foi  chamado de contracultura. Tem início a descolonização da África com a gradual independência das antigas colónias.
Esta década começou com uma grande prosperidade dos países ricos, houve uma explosão do consumo, 90% dos americanos tinham televisão em 1960 e uma em cada 3 famílias inglesas tinha automóvel em 1959.
Tem início o uso da informática para fins comerciais, embora ainda não de forma massificada.
Em 1964 a IBM lança o circuito integrado, ou chip e surge a Arpanet, o embrião do que viria a ser a Internet.
Yuri Gagarin é o primeiro homem a ser enviado para o espaço em 1961. Em 1966 os soviéticos enviam um robot para a lua. Em 1969, Neil Armstrong  pisa a lua pela primeira vez. Foi o delírio total com a bandeira americana a ser hasteada no solo lunar.

Na música, os Beatles comandam a Invasão Britânica, no rock, seguidos por os Rolling Stones, The Who, entre outros.
Surge também a música de protesto, com Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul and Mary, nos primeiros anos da década.
O Rock ganha crescente popularidade no mundo, associando-se ao final da década à rebeldia política.

Na música erudita, começa desenvolver-se o minimalismo, a partir das obras de Philip Glass.
Em 1964 chega ao écran o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day's Night.
Os Beatles fazem um show histórico no Shea Stadium, em 1965. Eram cerca de 55.000 pessoas.
No mesmo ano, a grande Elis Regina interpreta Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, e com isso surge a MPB, ou Música Popular Brasileira. Outros nomes grandes eram ouvidos, como o ainda "Rei" da música brasileira, Roberto Carlos, Maria Bethânia, Chico Buarque que se revela com a canção a Banda em 1966, interpretada no Festival  de Música Popular Brasileira por Nara Leão.

Ainda em 1966 os Beatles anunciam que não fariam mais shows ao vivo, pois os arranjos das canções possuíam um grau de complexidade muito elevado, dificultando a execução das canções ao vivo, além da histeria das fãs que impossibilitava  o público de ouvir o que tocavam.
Em 1966, o grupo The Jackson 5 é formado pelos irmãos da família Jackson, o grupo não faz sucesso na década de 60, estourando apenas na década de 1970, mas foi o grupo que lançou Michael Jackson na carreira musical, quando o mesmo ainda era uma criança.
Em 1967 surge o Movimento Tropicália, com Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Em 1967 os Beatles lançam aquele que é considerado o melhor álbum da história: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. O álbum foi um dos discos mais vendidos da história e tido como o mais influente.
Ainda em 1967, surge o primeiro festival de rock Festival Pop de Monterey, na California. Organizado por Lou Adler, John Phillips (The Mamas & The Papas) e Derek Taylor o festival foi a estreia de The Jimi Hendrix Experience, com Jimi Hendrix; Big Brother and the Holding Company, com Janis Joplin e Otis Redding.
A banda The Doors lança seu primeiro álbum: The Doors, que incluía a música "Light my Fire", o maior sucesso do grupo.
Em 1968, Elvis lança o especial de TV, Elvis NBC TV Special, que fez muito sucesso.
Em janeiro de 1969, a banda The Beatles dá sua última performance pública, no telhado da Apple Records. A polícia interrompeu a performance, mas o show ficou na história.

Em 1969 tem lugar o Festival de Woodstock, nos Estados Unidos, com apresentações ao vivo de Jimi Hendrix, Creedence Clearwater Revival, The Who, Sly and Family Stone, Carlos Santana, entre outros lendários do rock clássico.O festival tornou-se o símbolo da união entre rock, paz e amor. Make love not War era o lema dos jovens se reuniam para desfrutar de três dias de paz,amor e música.
Também em 1969, a banda The Doors lança o álbum The Soft Parade,com canções como Touch me.
Em março de 1969, John Lennon e Yoko Ono realizaram o primeiro "Bed-in for Peace" no hotel Hilton em Amsterdam, nos Países Baixos. "Bed-ins" eram conferências de imprensa em favor da paz, realizados em uma cama de hotel. Essas conferências ficaram famosas no mundo inteiro,como um dos símbolos da luta pela Paz.

Começam as transmissões de televisão a cores.

Por fim, lembro filmes que me marcaram e fazem parte do meu imaginário cinematográfico, que na altura era muito presente na minha vida, assistindo a todas as estreias de filmes.
A Bout de Souffle de Jean-Luc Godard, com a bela Jean Seberg, atriz que se tornaria ícone de beleza da década (1959).
La Dolce Vita  de Federico Fellini, com Anouk Aimée, Anita Ekberg e Marcello Mastroianni, um clássico.
Brigitte Bardot reina como o maior símbolo sexual da década, lembro "E Deus criou a Mulher", sem dúvida o mais visto.
Breakfast at Tiffany's  com a bela Audrey Hepburn. O figurino para o filme é do estilista francês Givenchy.
O Pagador de Promessas, recebe a Palma de Ouro do Festival Internacional de Cannes. É a primeira vez que um filme brasileiro ganha o prémio máximo do festival.
A série de filmes de James Bond, o espião 007, das novelas de Ian Fleming. O primeiro é Dr. No, com Ursula Andress, que protagoniza a  célebre cena usando um  biquíni branco saindo do mar.
Blowup, de Michelangelo Antonioni, com Jane Birkin e Veruska é um filme cheio de referências dos anos 60.
Nesse ano também, The Graduate, ao som de Mrs Robinson, entre outros sucessos de Simon & Garfunkel, Dustin Hoffman vive um jovem universitário que se envolve com uma mulher mais velha.
Belle de jour, um filme de Luis Buñuel, com Catherine Deneuve.
A atriz Jane Fonda é Barbarella, a sensual heroína espacial do filme de Roger Vadim.
Easy Rider é um dos filmes mais vigorosos dos anos 60, de Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern, estrelando os próprios, Fonda e Hopper, e Jack Nicholson. O filme critica a intolerância e a vulgaridade da sociedade americana.

Julgo não haver dúvidas de que as décadas de 40 e 60 fazem jus ao epíteto dado de anos de ouro, eu subscrevo na totalidade.

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