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Majestic é um café histórico, localizado na Rua de Santa Catarina, na cidade do Porto. A ambiência cultural que o envolve, nomeadamente a tradição do café tertúlia, onde se encontravam várias personalidades da vida cultural e artística da cidade, como também da sua arquitetura Arte Nova, fez dele o sexto café mais bonito do mundo, assim considerado em 2011.
Inaugurado a 17 de Dezembro de 1921, com o nome de "Elite", esteve desde logo associado a uma certa frequência de pessoas distintas da época. O piloto aviador Gago Coutinho esteve presente na inauguração, acabado de chegar de uma viagem à ilha da Madeira, e ficou encantado com a decoração.
No ano seguinte o nome mudaria de Elite para Majestic, sugerindo o chic parisiense, mais ao encontro da clientela que pretendia atrair, e tão apreciado na época.
Frequentaram o café nomes como Teixeira de Pascoaes, José Régio, António Nobre, o filósofo Leonardo Coimbra, entre outros. Mais tarde tornou-se lugar assíduo para os estudantes e professores da Escola de Belas Artes do Porto.
Uma outra das conhecidas tertúlias que o animou era constituída pelo escultor José Rodrigues e pelos pintores Armando Alves, Ângelo de Sousa e Jorge Pinheiro. Este grupo adotaria, devido à classificação final do curso, o irónico nome de "Os quatro vintes", e manter-se-ia unido numa série de exposições no Porto, em Lisboa e em Paris no período de 1968 a 1971.
Nos últimos anos, entre muitas outras figuras, não deixaram de visitar e assinar o livro de honra os presidentes Mário Soares, Jorge Sampaio, Jacques Chirac e Cavaco Silva. Hoje em dia continua a ser animado com recitais de poesia, concertos de piano, exposições de pintura, lançamentos de livros, realização de algumas cenas para filmes nacionais ou estrangeiros. Uma das cerimónias da despedida de Macau, no final do período de administração portuguesa, teve lugar no Café Majestic com a presença do Embaixador da China em Portugal.
Na biografia de J.K. Rowling, escrita por Sean Smith, refere-se que a escritora passava muito tempo no Café Majestic a trabalhar no primeiro livro "Harry Potter e a Pedra Filosofal".
O Café Majestic com traça do arquiteto João Queirós, inspirada na obra do mestre Marques da Silva, permanece ainda hoje como um dos mais belos e representativos exemplares de Arte Nova na cidade.
A sua imponente fachada em mármore, adornada com aspectos vegetalistas de formas sinuosas, reflete o bom estilo decorativo da altura. Um trio de elegantes colunas marca a frontaria, limitada por uma secção retangular, rasgada em vidro. No topo um frontão coroa a composição com as iniciais do Majestic. Ladeiam-no duas representações de crianças que, divertidas, convidam o transeunte a entrar.
Dentro do estabelecimento, de planta retangular, reina a linguagem Arte Nova. A simetria curvilínea das molduras em madeira e os pormenores decorativos cativam os visitantes. Grandes espelhos riscados pela idade, intercalados por candeeiros em metal trabalhado, delimitam as paredes num inteligente jogo ótico de amplitude, que lhe dá uma dimensão maior que a real.
Esculturas em estuque, representando rostos humanos, figuras desnudas e florões, confirmam o gosto ondulante e sensual, enquanto que duas linhas de bancos em couro gravado, substituindo os originais em veludo vermelho, criam, em termos de perspetiva, uma sensação de profundidade e elegante aconchego.
O recorte sinuoso dos caixilhos da espelharia, a luminosidade dos candeeiros, os detalhes em mármore e os bustos sorridentes que se estendem das paredes ao teto, conferem-lhe ambiência dourada e confortável, incitando ao repouso e à conversa amena. O Café Majestic emana uma atmosfera de luxo, requinte e bem-estar, tão apreciado hoje em dia pelos turistas.
A sua beleza original e o seu significado na cidade, valeram-lhe a classificação de imóvel de interesse público e património cultural, o que possibilitou que se iniciasse um processo de recuperação que, apesar de longo, permitiu a reabertura do café em Julho de 1994 com todo o seu antigo esplendor, convidando a reviver a fascinante Belle Époque.