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As lavadeiras, mulheres que ganhavam a vida a lavar a roupa para as casas de família, viviam, normalmente, nos arrabaldes da cidade e, por vezes, deslocavam-se em grupos. Todas as semanas acorriam a casa das clientes para recolher a roupa para lavar. Transportando as trouxas de roupa à cabeça ou com o auxilio de burros de carga ou outro transporte, lavavam a roupa nos rios, nos ribeiros ou em pequenos riachos, onde se juntavam com outras lavadeiras. A arte de lavar roupa, era normalmente passada de geração em geração, e esta ocupação permitiu o sustento de muitas famílias no inicio do século XX. O tratamento da roupa tinha várias etapas, que incluía pôr a roupa a corar, técnica que consistia em estender as peças molhadas e ainda com sabão, ao sol para branquear. Profissão dura e desgastante, obrigando muitas vezes as lavadeiras a terem os pés e pernas na água, manteve-se até ao aparecimento da água canalizada, altura em que foi progressivamente desaparecendo, estando guardada apenas na memória das gentes. No filme Aldeia da Roupa Branca , realizado por Chianca de Garcia em 1938, a profissão de lavadeira é imortalizada por Beatriz Costa, cuja personagem é Gracinda, lavadeira de profissão.
Lembro-me perfeitamente deste ritual semanal, e presenciar junto da minha avó "o dar a roupa ao rol", assim se chamava o ato de verificar e anotar se as peças que tinham sido levadas para lavar vinham certas, uma vez que quando vinham buscar a roupa, as peças eram anotadas num caderno próprio para esse efeito e a roupa descrita por função Por entre as brincadeiras próprias da idade, achava imensa graça a toda a encenação que a visita da lavadeira proporcionava.