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Todos os dias, quando exercia a minha profissão, apanhava o mesmo autocarro onde viajava sempre um pai e uma filha adolescente; saiam numa paragem perto de uma escola secundária donde concluí que a levava todas as manhãs ao seu destino.
Por vezes, alguns colegas juntavam-se a eles e a cena repetia-se. Nessas alturas e na presença dos amigos havia um sorriso tímido que lhe iluminava o olhar mas era sol de pouca dura.
Que motivaria a presença diária do presumível pai? uma adolescente já tem autonomia necessária para se deslocar só e depois, a menina em questão parecia tão responsável.
Como gostaria de poder decifrar aquele enigma, se ao menos a encontrasse, pelo menos uma vez, sozinha poderíamos encetar um diálogo mesmo que breve e a tão esperada resposta poderia acontecer.
Mas não,, comecei então a pensar como gostaria de ser alguém da família, que a pudesse ajudar a libertar-se e ter uma vida mais adequada à idade; teria permissão para ir ao cinema, lanchar com as amigas ou mais simplesmente visitá-las e ser visitada?
Ainda hoje, volvidos tantos anos, me lembro da menina de olhar triste, que será feito da sua vida, ter-se-á libertado daquela "prisão" sem grades?
Há prisões que nos deixam marcas para a vida, por muito bem intencionados que os "carcereiros" sejam. Sê feliz, menina linda, que tanto tempo viajamos juntas.